Com a participação de atiradores de seis estados, as provas realizadas em Santa Luzia foram de alto nível de competitividade.
O tradicional Clube Mineiro dos Caçadores – CMC, está localizado na cidade mineira (e histórica) de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Como parte da comemoração de seus 90 anos de existência o CMC promoveu, entre os dias 30 de abril e 2 de maio de 2021, uma etapa da Copa Brasil de Sporting, com provas nas modalidades de Compak e Percurso de Caça. Participaram das provas, além de atletas mineiros, vários outros oriundos de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
As competições foram iniciadas após uma bela cerimônia de hasteamento da Bandeira Nacional, reunindo os atletas e seus familiares e colaboradores do CMC.
“Consideramos que foi um grande êxito termos conseguido realizar um evento tão bem sucedido como esse em uma época tão difícil”, diz Frederico Jabbur, diretor do CMC e presidente da Federação Mineira de Caça e Tiro – FMCT. Fred, como é conhecido por todos, considerou muito significativa a presença de mais de 70 competidores em Santa Luzia. Ele acrescenta que as provas no clube sempre trazem como grande atrativo o alto nível de qualidade das competições. “O terreno acidentado e a diversidade de possibilidades que ele oferece, faz do CMC uma referência internacional”, argumenta. “Todos os campeonatos realizados aqui são diferenciados pela máxima qualidade”.
Clima de confraternização no CMC
Durante os três dias de competições, como de costume, o ótimo ambiente tomou conta das belas paisagens do Clube Mineiro dos Caçadores. O clima constante de confraternização entre os competidores — incluindo os atiradores mais experientes, as mulheres e os jovens — aliou-se a um bom nível de competitividade. As famílias também marcaram presença, inclusive com as crianças e os adolescentes alegrando ainda mais o agradável cenário do clube.
No que se refere às competições, foi notável o nível de concentração e a vontade de cada um dos competidores em fazer o melhor possível. Ao mesmo tempo, todos procuravam usufruir dos momentos de lazer e das animadas conversas que aconteciam, durante os intervalos das provas, na imensa varanda da bela sede social do CMC.
Opiniões elogiosas
As avaliações dos atiradores sobre os principais aspectos que caracterizaram os torneios realizados no CMC foram muito positivas. O atleta Airton Adolfo Haag, de Sapiranga (RS), considerou a prova como de “excelente nível”. Ele, que atira desde 1989, e que há 12 anos optou pela modalidade Percurso de Caça — “pois é mais dinâmica, me dá mais satisfação, é divertida e me traz muita alegria” —, costuma participar de competições pelo Brasil: “vou aonde tiver provas; Minas Gerais, Goiás, Ceará, São Paulo e em todo o país”. Diante dessa experiência, o atirador avalia que o esporte de tiro vinha em grande evolução antes da pandemia. “Até 2019, foi fenomenal o crescimento, principalmente no Trap Americano e na nossa modalidade. Muitos atletas surgiram e a tendência será essa após finda a pandemia”. Ainda sobre a prova do CMC, ele diz que “queria ter lá no meu clube uma área como essa, pois lá está ficando pequeno. É sempre uma alegria vir aqui, não só pelo nível da competição, mas também pela receptividade de todos. É um show, com muita atenção e carinho. É como uma grande família”, finaliza.
A opinião de Airton encontra respaldo no que Leonardo Fortes, membro da diretoria do CMC, argumenta sobre o êxito do evento: “As provas foram muito interessantes e tudo transcorreu dentro do que a gente esperava. Sempre foi nosso objetivo, realizar um grande evento, receber muito bem os competidores e isso tudo aconteceu. As pessoas elogiaram muito e ficamos felizes com os ótimos resultados do evento”.
No tiro ao prato desde 1998, Leonardo começou no Trap Americano, passou pelo Skeet e hoje se dedica ao Percurso de Caça. Na avaliação dele, o esporte de tiro cresceu no Brasil “apesar de todos os preconceitos”. O atleta de tiro, segundo ele, “é um resignado, persistente e um apaixonado”. Por isso mesmo, “mesmo com todos os percalços, nós temos um futuro promissor no esporte”.
Veteranos e iniciantes
O experiente atirador Virgílio Gibbon, do Rio de Janeiro, que simplesmente atira desde os sete anos de idade — “são 64 anos praticando o esporte”— e agora está no tiro ao prato, foi só elogios à competição no CMC, que participou acompanhado do filho, que tem o mesmo nome: “isso aqui é uma delícia, é um lugar perfeito para simular uma caça”. “Além do mais, é excelente a receptividade por parte dos mineiros, sem exceções. É só alegria nesse clube”.
Paulo José de Moraes Barros, de Santo Antônio da Patrulha (RS), que se definiu como “um iniciante”, começou no esporte em 2019, “não dei nenhum tiro em 2020 em função da pandemia”, e fez a sua primeira competição oficial no Clube Mineiro dos Caçadores. “Já fui em alguns clubes lá no Sul, e confesso que não vi nada igual ao que Minas Gerais apresentou. Trata-se de uma estrutura fantástica, organização e receptividade excepcionais”. Paulo José acrescenta que o ambiente familiar, de cordialidade, de “fácil convívio, que merece ser visitado por todos os esportistas”. “Aqui é um clube digno de uma final de Copa do Mundo do tiro”, finaliza.
Outro veterano nos esportes de tiro, Luiz Fernando Chiari Ribeiro, de Belo Horizonte-MG, começou a atirar aos 17 anos. Ele tem 75 anos de idade, portanto é possuidor de um vasto conhecimento do esporte, lembra que o evento em Santa Luzia já pode ser considerado como “tradicional” por toda a qualidade que oferece no que se refere aos torneios que promove.
Luiz Fernando conta que iniciou ainda no tiro aos pombos, pois o pai era atirador ao pombo — “pessoa que obteve um grande sucesso na época dele”. Depois, ele passou a se dedicar ao tiro ao alvo: “atirei por muitos anos com revólveres e pistolas”, conta. Posteriormente, Luiz foi para a modalidade tiro em ‘Silhuetas Metálicas’ período em que disputou vários campeonatos no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. O atirador observa que o tiro em Silhuetas Metálicas exige uma visão excepcional e que em função dos “anos vividos” e da experiência adquirida, ele prefere agora se dedicar aos pratos. “Em resumo: eu quero é continuar atirando e o tiro ao prato me proporciona continuar no esporte”.
Do alto de seu vitorioso currículo, Luiz Fernando analisa a conjuntura dos esportes de tiro no Brasil: “temos uma diferença incomum em relação a outros países, pois por mais de 30 anos, os governos optaram por criar uma série de barreiras institucionais e burocráticas para dificultar a prática dos esportes de tiro. Atualmente, somente pessoas abnegadas, e que tem muito amor às modalidades do tiro esportivo, insistem em praticar o esporte”.
Exemplo de qualidade
Lucas Miotto, de Nova Prata (RS), foi direto ao elogiar a qualidade das provas: “um nível excelente, uma prova completa, bem diversificada com diferentes tipos de pratos. Não há como ficar insatisfeito com uma prova como essa”. “Eu só estou insatisfeito com os meus resultados”, brincou. Há três anos no tiro, ele confessa que o esporte “foi um grande achado para a minha vida, uma coisa maravilhosa, que me instiga sempre a ser uma pessoa melhor”. Lucas pontua que o esporte exige muito da cabeça e que em função da prática esportiva, “é preciso também cuidar do corpo”. Ele ainda destaca a estrutura do CMC, “nunca vi nada igual”, que “deve servir de exemplo de qualidade para todo o Brasil”.
A atleta Yara de Fátima Santos, de Belo Horizonte, iniciou-se no tiro motivada pelo marido, Caio Justino Silva, praticante nas modalidades Trap, Compak e Percurso de Caça. Competindo no Trap e com interesse em participar também de outras modalidades, ela conta que o casal procura sempre participar das provas em razão da alta qualidade de lazer que o esporte oferece. Por isso mesmo, Yara quer incentivar outras mulheres, inclusive ambicionando criar uma categoria específica para as competidoras. “Como ainda são poucas mulheres, competimos junto aos homens”. Outro aspecto que ela chama a atenção é para “o excelente ambiente do tiro, onde predomina a família”.
A satisfação é tanta com o esporte que ela diz que o casal pretende iniciar o filho de 10 anos no tiro, tão logo seja possível. “É um esporte saudável em todos os sentidos. Um exemplo é o nível das competições que assistimos aqui no clube, além da convivência muito agradável em todos os presentes”.
Em três dias de ampla cobertura jornalística e fotográfica, a equipe da Revista Pedana fica muito agradecida a todos do CMC (colaboradores, sócios e diretoria) pela atenção dispensada ao nosso trabalho assim como agradece a todos os competidores, todos muito gentis e disponíveis.