Fossa olímpica e Skeet em bom nível na regional sudeste do campeonato brasileiro – CBTE
maio 29, 2021
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O tradicional Clube de Caça e Tiro São Paulo – CCTSP — sediado na cidade de Santana do Parnaíba, região metropolitana da capital paulista — recebeu 68 atiradores
O tradicional Clube de Caça e Tiro São Paulo – CCTSP — sediado na cidade de Santana do Parnaíba, região metropolitana da capital paulista — recebeu 68 atiradores de diversas regiões brasileiras para a disputa da Regional Sudeste Fossa Olímpica/Skeet – CBTE, realizado no sábado 22 de maio, compreendendo 75 pratos. No domingo, as provas tiveram continuidade com o Gran Prix Internacional Clube de Caça e Tiro São Paulo, com mais 50 pratos – totalizando 125 pratos – e a grande final.
Os torneios aconteceram envoltos por um ambiente alegre e descontraído, de confraternização entre os participantes e também, como não poderia deixar de ser, em clima de concentração e alto nível de competitividade.
Na sexta-feira, dia de treinos oficiais, a movimentação nas pedanas – duas de FO e uma de Skeet – foi intensa e com tempo suficiente para os atletas fazerem vários treinos. No sábado e domingo o tempo ficou nublado, com chuvas leves intermitentes e a temperatura mais baixa, porém sem tirar o ânimo dos atletas que puderam desfrutar das ótimas instalações do CCTSP.
Na sexta-feira ensolarada os atletas participaram dos treinos oficiais em uma ambiente agradável e de muita cordialidadeApesar do tempo instável a prova de Skeet ocorreu de maneira tranquila nas belas instalações do CCTSP.
Sob a coordenação técnica de Marcos Sérgio Benitez Gonsalez as provas ocorreram com muita tranquilidade e excelente organização. A cada dia a regulagem das máquinas de lançamento foram criteriosamente checadas a fim de garantir um excelente padrão – em concordância coma as regras da ISSF -para a trajetória dos pratos.
Marcos Gonzales coordenou a criteriosa regulagem das máquinas para que as provas ocorressem de acordo com as regras da ISSF.
Resultados
A seguir a lista dos medalhistas da etapa Regional Sudeste do Campeonato Brasileiro de Tiro ao Prato Olímpico.
Fossa Olímpica
CATEGORIA
COL.
ATLETA
ORiG.
TT
Feminino Dama
1º
Camilla Alexandra Cosmoski
PR
52
Masc. Sênior A
1º
Lamberto Godoy Ramenzoni
SP
70
2º
Felipe Antônio C. Fuzaro
SP
68
3º
Carlos Alberto Luiz da Costa
RS
68
Masc. Sênior B
1º
Rubens Guimarães Molena
SP
66
2º
Sergio de Oliveira Barbosa
MG
66
3º
Juliano Micheli
PR
62
Masc. Sênior C
1º
João Batista F. Marcondes
SP
69
2º
Assad Malek El Merhebi
SP
60
3º
Deiler Célio Jeunon
MG
60
Masc. Veterano
1º
Eduardo Guilherme A. de Oliveira
MG
58
2º
Nilo Luiz Gaspareto
PR
51
3º
Aurélio Beraldo
SP
45
Masc. Júnior
1º
Hussein Kluber Daruich
PR
67
2º
Haddy Daruich Gomes
PR
58
Skeet
CATEGORIA
COL.
ATLETA
ORIG.
TT
Feminino Dama
1º
Danielle Maron Gedeon
RJ
50
Masc. Sênior A
1º
Rodrigo Maringoni Simões
SP
66
2º
Wilson Costa David Junior
RJ
63
Masc. Sênior B
1º
Bruno de Lima Refeira
SP
65
2º
Luiz Rogério de Paiva Alves
RJ
41
Masc. Sênior C
1º
Augusto Tadeu Guimarães
PE
60
2º
José Carlos Vendruscolo Jr.
SP
55
3º
Thiago Liborio Romanelli
SP
49
Gran Prix Clube de Caça e Tiro São Paulo
No domingo foram realizadas as duas séries de 25 pratos complementares do Gran Prix com 125 pratos. Após uma disputa intensa – com dois escores perfeitos 25/25 por parte dos atletas Hussein K. Daruich e José Artur Fortunato – Lamberto Ramenzoni ficou com o primeiro lugar (115/125). Para a disputa de segundo, terceiro e quarto lugares, José Artur Fortunato, Hussein Daruich e Filipe Fuzaro, todos com 114/125, participaram do Shot-Off BIB.
Vale lembrar que Hussein K. Daruich é um atleta de apenas 13 anos e vem confirmando ser possuidor de grande talento para o tiro ao voo. Que seja inspiração para mais jovens. Veja a entrevista com o jovem atleta:
Classificação final do Gran Prix Clube de Caça e Tiro São Paulo
COL.
ATLETA
ORiG.
TT
1º
Lamberto Godoy Ramenzoni
SP
115
2º
José Artur Fortunato
SP
114
3º
Hussein Kluber Daruich
PR
114
4º
Filipe Fuzaro
SP
114
5º
Carlos A. Costa
RS
113
6º
Fabiano Simões
MS
112
As esquadras de Fossa Olímpica se revezavam nas duas pedanas do Clube de Caça e Tiro São Paulo.
Ambiente acolhedor
A qualidade do ambiente de um clube de tiro e de um torneio como o Regional Sudeste FO/SK, foi muito elogiado pelo casal Emílson Menarim e Camila Cosmoski, de Castro (PR), que estavam com o filhinho ainda bebê. “O ambiente agrega muito, você chega em um lugar onde terá toda a segurança e pode levar o filho e a sua esposa. Você sabe que vai ser recebido por pessoas educadas e cultas, diz ele, que atira desde 2009. Camila, que há dois anos está na Fossa Olímpica, acrescenta que eles fazem todas as provas do campeonato e que também participam dos treinamentos da CBTE. “É um ambiente muito agradável, cordial, onde fazemos novos amigos”, diz.
Camila Cosmoski (com o filho): ambiente agradável onde se faz amigos.
Única mulher na prova de Skeet, a carioca Danielle Gedeon também é só elogios ao que acontece no clube: “é um ambiente que eu adoro, é a melhor parte da competição; são grandes amizades, amigos queridos, um apoia o outro e a competição é muito saudável”.
Desde 2007 atirando, Danielle diz que embora tenha o apoio da CBTE e dos clubes, ela geralmente compete contra os homens, pois são poucas mulheres na modalidade.
“Acredito que é preciso maior divulgação para atrair mais mulheres para o esporte. Acho que seria interessante explorar as redes sociais e postar as filmagens das provas”, sugere.
Danielle conta que tanto o pai quanto o tio foram atiradores, que eles foram os seus grandes incentivadores e que ela agora incentiva o afilhado, de 19 anos. “A minha queixa é apenas quanto às complicações da burocracia. Exige-se uma documentação gigante, tem a exigência do CR e nem sempre é fácil. O meu afilhado, maior de idade, só pode possuir uma arma aos 25 anos, embora possa ter o CR e atirar com armas de terceiros”, reclama. Veja o artigo “O direito institucional à prática do desporto”:https://revistapedana.com/o-direito-constitucional-a-pratica-do-desporto/
Há mais de 40 anos no esporte, Wilson Costa David Júnior, de Valença (RJ), é mais um que sempre foi muito incentivado pelos pais a frequentar os clubes de tiro. Com toda autoridade desta vivência, ele dispara “no tiro esportivo, eu considero que nós somos uns heróis, pois as dificuldades são imensas, fora o valor das armas e dos insumos”. Essa realidade não abala a paixão dele pelo esporte, pois ele viaja o Brasil todo participando dos campeonatos.
Sonho olímpico
Presença importante no Caça e Tiro foi a do jovem atleta José Arthur Fortunato, paulista de Americana, convidado para disputar a Fossa Olímpica. Aos 22 anos, ele começou a atirar em competições somente no ano de 2018, mas já é um atleta de alto nível; participou do campeonato mundial em Lonato, Itália, representando o Brasil e faz parte da seleção brasileira de Fossa Olímpica. Ao analisar o esporte, Arthur diz que o Brasil tem ótimos atletas competindo, mas que falta “o diferencial de uma prova internacional onde é grande a quantidade de excelentes atletas”. Por isso, ele defende que “é primordial atrair mais jovens; hoje na Fossa Olímpica devemos ter quatro ou cinco jovens atletas, portanto é preciso incentivar o surgimento de novos valores”, salienta. O atirador paulista é objetivo no seu raciocínio: “precisamos ter políticas de incentivo à entrada de novos atletas. As partes interessadas devem se mobilizar, os clubes, as entidades e os próprios interessados. É necessário trazer gente para conhecer, formar público, pois o tiro hoje fica muito lateralizado e as pessoas têm preconceitos e não o enxergam como esporte. O tiro tem muito a oferecer à sociedade como um todo porque trata-se um esporte que ensina as melhores coisas à juventude”.
As ambições de Arthur Fortunato — que treina em Americana e em São Paulo — para o futuro próximo são claras: “busco a vaga olímpica para Paris 2024. Treino muito para alcançar esse objetivo. Sei que não será fácil, será preciso ainda mais dedicação, mas esse é o meu grande desafio”.
Mestre do esporte
Ao lado do jovem atirador Arthur, estava seu avô, Athos Pisoni, considerado uma lenda dos esportes de tiro, que completou: “os fatores mais importantes não só nos esportes de tiro, mas em todos os esportes, são a disciplina aliada ao treinamento constante, além da dedicação, principalmente no tiro ao prato”
Com a autoridade de quem começou a atirar ainda na década de 1960 — “o primeiro torneio em que eu atirei foi em um campeonato paulista de Skeet em Americana no ano 1965”—, o senhor Athos afirma que os fundamentos do tiro esportivo são os preparos físico, mental e a força psicológica.
Athos Pisoni e seu neto, José Artur Fortunato, durante a Regional Sudeste do Campeonato Brasileiro de Tiro ao Prato Olímpico no CCTSP.
Após iniciar-se no tiro, ele percebeu que para dar continuidade ao esporte, seria preciso viajar para estudar e pesquisar. “Fiquei muito curioso quando observava os estrangeiros atirando na Europa e nos EUA e fazendo resultados muito altos. Foi então que eu me perguntei: por que que lá eles fazem e aqui nós não fazemos”?
Foi a partir dessas observações que Athos Pisoni passou a se dedicar intensamente aos treinamentos, além, é claro, de trabalhar o físico, a mente e a condição psicológica. O veterano atirador também levou muito a sério a questão das armas: “passei a personalizar a arma”, diz. “Os meus resultados subiram exponencialmente e pude aproveitar a década de 1970, que considero como a era de ouro dos esportes de tiro”.
Nos dias de hoje, Athos argumenta que o atirador brasileiro obtém bons resultados internamente, mas que quando ele vai competir no exterior “a coisa muda de figura, o atleta não consegue chegar no nível dos melhores.” Todavia, os bons resultados da seleção brasileira no último mundial animaram o mestre do tiro: “a equipe conseguiu chegar próximo ao nível dos melhores atiradores internacionais”. “Eu acredito que esses atiradores da seleção estão fazendo um treinamento muito especializado, se preparando muito bem, principalmente fisicamente e mentalmente”, arremata.
Athos Pisoni segue agora no objetivo maior de passar todo o seu conhecimento para o jovem Arthur: “tento passar o que aprendi para o meu neto e ele está indo muito bem. Só não pode deixar de cumprir rigorosamente a cartilha, mas ele, como é um piloto de Fórmula 3, já cresceu em um ambiente de grande disputa, de muita competição. Por isso, é mais fácil para ele, penso eu. Mas o treinamento é intenso, é diário, pois só assim iremos atingir os objetivos”, descreve. “O tiro é diferente: tem que treinar e treinar. O tiro é distinto dos outros esportes. Se errar o prato, é zero, não tem recuperação”, define, sem meias palavras.
A história de Athos Pisoni também passou pela fundação do clube de tiro de Americana, local em que foram realizados realizar três copas mundiais, nos anos de 2001, 2004 e 2005, com mais de 50 países sendo representados. Mas o mestre já toca um outro grande projeto: ele constrói um novo clube, “de alto nível, para atletas de alto rendimento”. “Assim teremos a chance de treinar ainda mais”, diz, se referindo ao neto Arthur. O novo clube será sediado em Cosmópolis (SP) e terá o nome de Arena Atira – Associação Internacional de Tiro Esportivo.
Espírito esportivo
Outra presença em Santana do Parnaíba, foi a de José Ailton Patriota de Oliveira, desde 2009 no tiro e coordenador técnico da CBTE. Como atleta e dirigente, com o conhecimento adquirido ao percorrer todo o país, Ailton assinala que esporte ainda tem muito que evoluir, “mas que na realidade ele já saiu de uma certa marginalização, e está sendo mais aceito pela sociedade, graças ao trabalho da confederação e dos clubes de colocar o tiro como um esporte como são o atletismo, a natação e o tênis. O tiro é um esporte olímpico”, reforça. Segundo ele, um marco da evolução do esporte é o fato “de que temos agora um campeão mundial júnior, o Leonardo Lustosa”, afirma.
José Ailton: um esporte em grande evolução.
O coordenador técnico da CBTE pondera “que ainda temos a que evoluir” em uma direção considerada por ele como muito importante: “os clubes não têm um técnico”. Se você observar os outros esportes, todo clube tem um técnico. No tiro, a confederação tem o seu técnico, alguns atletas contratam técnicos, mas os clubes não dispõem desse profissional. Nós temos que evoluir nesta direção: isso vai colaborar para que tecnicamente os atletas sigam buscando melhores resultados”.
Ailton chama a atenção para a necessidade de atrair mais atletas. “Temos projetos para levar o tiro às escolas para desmitificar o esporte”, informa. “Observamos aqui no Caça e Tiro dois atletas adolescentes, que dizem que o esporte de tiro para eles é tudo. Se você ouvir os pais, eles vão dizer que o melhor lugar para os filhos estarem é nos clubes de tiro. Isso porque a criança vai aprender a respeitar as regras, terá disciplina e vai se tornar uma pessoa melhor, uma vez que no tiro trabalha-se a concentração e o respeito; esse é o espírito esportivo”, ensina, didático.
Com mais essa jornada, cobrindo um grande campeonato, a equipe da Revista Pedana volta de Santana do Parnaíba feliz pelo dever cumprido e orgulhosa por ter tido a oportunidade de entrevistar os atiradores, além de muito agradecida pela recepção tão atenciosa por parte da diretoria do CCTSP.