Conheça o Clube de Tiro Desportivo da Moita – CTDM, Portugal
- dezembro 15, 2025
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Texto e fotos de Luiz Eduardo Dias Em setembro deste ano estive em Lisboa e tive a oportunidade de fazer uma visita ao Clube de Tiro Desportivo da
Texto e fotos de Luiz Eduardo Dias Em setembro deste ano estive em Lisboa e tive a oportunidade de fazer uma visita ao Clube de Tiro Desportivo da
Texto e fotos de Luiz Eduardo Dias
Em setembro deste ano estive em Lisboa e tive a oportunidade de fazer uma visita ao Clube de Tiro Desportivo da Moita – CTDM, localizado a pouco mais de 20 km do centro daquela capital. Fui maravilhosamente bem recebido por parte de seus dirigentes e sócios, que ofereceram uma deliciosa caldeirada de bacalhau. Saiba um pouco mais sobre as modalidades de tiro ao voo praticadas em Portugal e como é o funcionamento deste clube que é referência do esporte na região.
Conforme nos relatou Bruno Ramos, diretor do CTDM, a história do clube envolve três fases distintas de sua existência: a sua fundação há 48 anos como Clube de Tiro com Armas de Caça “Os Rolos”, cuja infraestrutura do clube foi construída por Antônio Rolo; uma fase de declínio e mudança de gestão e, a fase atual, com o seu renascimento e crescimento.

A sua criação, por iniciativa de Antônio Rolo, determinou uma fase importante de divulgação e crescimento regional das modalidades de tiro desportivo, tonando-se uma peça-chave neste processo.
Durante os anos 90 e o início dos anos 2000, o clube viveu uma fase de grande expansão, chegando a contar com cerca de 1.000 sócios ativos. Esse período foi caracterizado pelo forte envolvimento comunitário e pelo crescimento do tiro ao voo.
Entretanto, essa fase de apogeu do clube sofreu uma forte ruptura com o falecimento de seu proprietário e principal dirigente. Foi uma fase em que o clube entrou em declínio, refletindo a ausência de liderança e direção. Em 2023, a sucessora de Antônio Rolo decidiu alugar o campo de tiro aos novos dirigentes, permitindo a continuidade da atividade desportiva no local.
Com a nova gestão, surgiu o Clube de Tiro Desportivo da Moita, que atualmente já conta com cerca de 350 sócios ativos. O clube tem como principal objetivo voltar a ser o maior de Portugal, estando já posicionado no Top 10 nacional. Além disso, empenha-se em reintegrar o campo de tiro no calendário nacional da Fossa Olímpica, reafirmando o seu papel de destaque no cenário desportivo do país. A modalidade de Fossa Olímpica é gerida e fomentada em Portugal pela Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça – FPTAC.
Atualmente a diretoria do CTDM é composta por seu presidente Luiz Figueiredo e os diretores Bruno Ramos e Bruno Sousa.

O CTDM está localizado a pouco mais de 20 km do centro de Lisboa e o acesso é muito fácil pelas rodovias A2 e A33. No percurso, saindo de Lisboa, se atravessa a Ponte 25 de abril – que permite uma visão panorâmica do Rio Tejo e as regiões beira-rio de Lisboa -. Um percurso que pode ser realizado em torno de 30 minutos.
Em uma área de 4,0 ha, o CTDM possui uma agradável área social, com restaurante, bar, escritório e uma cozinha, de onde saem pratos maravilhosos, como o cozido de bacalhau ou os deliciosos anéis de choco fritos que gentilmente foram preparados e servidos pelo Bruno Ramos, diretor, chef do restaurante e destacado atleta, com grandes conquistas na sua carreira, como o recorde português de Fossa Universal (199/200) conquistado em julho de 2024 durante a 5ª Contagem do Campeonato de Portugal de Fosso Universal.


O CTDM possui três pedanas dispostas adequadamente à frente da sua sede social. A pedana situada à esquerda da sede social permite a prática de Fossa Universal e FAN 32. Em uma posição central, a pedana de número dois também tem sido utilizada para a prática de Fossa Universal e a pedana localizada à direita da sede social é utilizada para a prática de Fossa Olímpica. As três pedanas são cobertas e possuem um backgound que permite boa visualização dos pratos.



Com duas pedanas preparadas para a Fossa Universal, fica evidente que esta é a modalidade mais praticada na região, com campeonatos regionais e nacionais.
As atividades relativas ao tiro ao voo desportivo são fomentadas e organizadas, em nível nacional, pela Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça – FPTAC. A Federação foi fundada em 1948 e agrega cerca de 127 entidades federadas, entre associações, clubes e sociedades esportivas.
(https://fptac.pt/CLUBES/2025/CLUBES_2025.pdf). Basicamente as disciplinas fomentadas pela FPTAC são aquelas relacionadas à ISSF (Fossa Olímpica e Skeet Olímpico) e à FITASC (Hélice ZZ, Fossa Universal, Percurso de Caça, Compak Sporting e Trap 1).

Uma questão que certamente é comum para tanto os atletas de Portugal como de nosso país, é o custo do esporte. Da mesma forma que estamos sofrendo com a elevação dos custos de cartuchos e dos pratos, os atletas portugueses também comentam que os altos custos de insumos em reduzido drasticamente o número de atletas que praticam o esporte com regularidade.
Um caixa com 25 cartuchos com 24 g de chumbo custa entorno de € 8,00 – € 12,00, dependendo da marca. No CTDM o valor de uma série de 25 pratos é de € 10,00. Exemplificando, um atleta ao fazer duas séries de 25 pratos – considerando o consumo de três caixas de cartuchos – gastaria entorno de € 50,00. Adotando-se o valor do Euro R$ 6,35, o custo daquele treino seria de R$ 317,50.
No Brasil, os custos dos insumos variam de estado para estado em decorrência do ICMS, assim o valor de uma caixa de cartucho pode variar de R$ 95,00 a R$ 125,00, bem superior ao valor de R$ 63,50 que os portugueses pagam. Aliás, no passado a Revista Pedana já publicou um artigo a este respeito.
Conforme nos relatou o presidente do CTDM, outro aspecto interessante que envolve o tiro esportivo em Portugal e que difere do Brasil, é o fato de que cerca de 60% dos atiradores também são caçadores. Assim, existe uma relação direta entre a atividade de caça e o tiro esportivo. Esta relação direta também ocorre em outros países do continente europeu, notadamente na Espanha e países da Grã-Bretanha. Neste países, as fazendas de criação de caça tem sido um mecanismo muito importante de preservação de espécies e que geram riqueza, por meio de empregos diretos e indiretos, turismo e empresas de insumos e acessórios.
Por fim, expresso meu agradecimento a maravilhosa recepção e acolhimento que recebi por parte do CTDM, especificamente na pessoa de seu presidente Luiz Figueredo e seu diretor Bruno Ramos, que além de grande atirador, mostrou ser um ótimo cozinheiro e relator, ao nos fornecer valiosas informações sobre a história do Clube.
