Tiro ao Voo: um maravilhoso elo que une três gerações

Um breve relato da paixão pelo Tiro ao Voo que passa por três gerações.

Por Luiz Eduardo Dias

O Tiro esportivo, notadamente as modalidades de tiro ao voo, é um esporte fantástico porque permite que praticantes, com diferentes idades, que variam da adolescência até oitenta e noventa primaveras, possam se divertir e, até mesmo, se manter competitivos. Esta característica propicia a formação de amizades duradouras e fraternas, além de permitir que paixão pelo esporte passe de pai para filho ou, em determinadas situações, de avô para neto — como já foi relatado na matéria sobre a prova de Fossa Olímpica, realizada no Clube de Caça e Tiro São Paulo, onde escrevemos sobre a relação de José Artur Fortunato e seu avô Athos Pisoni, referência nacional de tiro ao prato. Para ver a matéria na íntegra basta clicar no link abaixo:

https://revistapedana.com/campeonato-fossa-olimpica-e-skeet-cbte/

Neste artigo, vamos relatar a história de uma família de mineiros na qual o amor pelo tiro ao voo foi passado de geração para geração. A família Nogueira de Rezende, do sul de Minas Gerais.

Anísio Barroso da Costa Rezende (nosso amigo e parceiro de tiro em Viçosa-MG), relata que seu pai, Anísio Nogueira Rezende, nasceu em uma cidadezinha no sul mineiro chamada Monsenhor Paulo. Porém, ainda criança, ele mudou-se para Varginha e lá, na mocidade, conheceu Maria Isabel, imigrante portuguesa que também foi morar em Varginha, que tornou-se sua esposa e mãe de Anísio Barroso Rezende. O filho Anísio relata:  lá, eu nasci, e desde menino andava pelos campos caçando codornas com meu pai. A paixão por atirar nasceu aí e para as pedanas foi um pulo.

Anísio Nogueira Rezende foi uma referência no tiro ao pombo na década de 60.

De maneira comovente, Anísio faz um breve depoimento da forte ligação que existiu e existe entre o tiro ao voo e sua família: “Anísio Nogueira de Rezende era o nome de meu pai. Para mim e para ele, éramos apenas companheiros! Apaixonado pelo tiro ao voo, sempre esteve presente nas provas de tiro dos melhores clubes brasileiros. Dono de uma pontaria invejável e de reflexos muito bons, ele fez parte da elite do tiro em sua época.

Meu pai sempre gostou de qualidade em tudo que possuía e assim elegeu a Beretta como  a arma preferida. Com ela, venceu vários torneios e provas pelos clubes mineiros e brasileiros, até que se fez campeão.

Com o seu exemplo e incentivo, tornei-me também atirador. Assim como ele fez comigo, incentivei o meu filho que hoje completa a terceira geração de atiradores, sempre dando “trabalho“ aos competidores! Esse é um pequeno relato de uma família unida em tudo — especialmente na prática saudável do tiro esportivo”.

Anísio: graças ao incentivo de meu pai, tornei-me também atirador.

Com relação ao prazer de compartilhar as pedanas com o filho Diogo — a quem chama de companheiro, assim como seu querido pai o chamava — Anísio é taxativo:

“Da mesma forma que aconteceu comigo, Diogo me acompanhou desde menino no clube de tiro; ele começou a atirar e logo pegou o jeito. Hoje, me orgulho muito dele como filho e como atirador. Dedicado e estudioso das técnicas de tiro, já superou o pai há tempos! Assim vamos sempre juntos nesse esporte”.

Diogo, por sua vez, nos conta como foi ter o apoio de seu pai para iniciar-se no tiro esportivo:

“Desde criança, em viagens para Varginha para visitar meu avô, eu participava de conversas com ele e com o meu pai sobre as caçadas e as provas de tiro de que ele participava. Meu avô mostrava as armas, me ensinava a manuseá-las e, principalmente, a cuidar delas.

Diogo: o avô e o pai como referências no tiro esportivo.

Já na adolescência, fazíamos disputas familiares com a espingarda de pressão. Era tiro em tampinhas de garrafas, em tocos de cigarro e tudo que pudesse gerar desafios às habilidades de atirador. São lembranças da convivência com o  meu avô e meu pai que trazem muitas alegrias. Aos 14 anos, pedi como presente de aniversário que o meu pai me ensinasse a atirar com espingarda de calibre 12. Daí para frente, foi uma alegria ir ao clube de tiro e acompanhar meu pai nos treinos e nas provas das quais ele participava. A cada ida  ao clube, eu atirava em alguns pratos sob a orientação de meu pai”.  

Como não poderia deixar de ser, as habilidades de atirador esportivo foram passadas de pai para filho entre as gerações e, com orgulho, Diogo finaliza:

“na segunda prova em que participei no clube, eu fiquei em terceiro lugar geral! A partir desta prova, a paixão pelo tiro ao prato só aumentou.

Neste ano de 2021, Anísio e Diogo começaram a competir no Trap Americano em provas da Liga Nacional de Tiro ao Prato-LNTP, CBTE e FMGTE. Em sua primeira participação no TOP 50 da LNTP, Diogo fez 48/50, conquistando um honroso segundo lugar na categoria Sênior A.

Entre as diversas conquistas de seu pai, Anísio mostra, emocionado, duas medalhas de ouro conquistadas por ele em competições de Tiro ao Pombo.  A primeira foi conquistada no dia 25 de outubro de 1964  em uma prova em homenagem ao Clube de Caçadores Mineiros realizada no Clube Varginhense de Tiro ao Voo (CVTV).

Aliás, em termos de história do tiro ao voo, mais precisamente de tiro ao pombo, o CVTV foi uma referência nacional, com provas que contavam com até 100 participantes, inclusive sediando provas do Campeonato Brasileiro, como relata nosso amigo Luiz Fernando C. Ribeiro, do Clube Mineiro de Caçadores que, igualmente, possui uma linda história familiar ligada ao tiro ao voo e é, reconhecidamente, uma importante referência do tiro esportivo de Minas Gerais.

Medalha conquistada pelo pai de Anísio no dia 25 de outubro de 1964  em uma prova em homenagem ao Clube de Caçadores Mineiros realizada no Clube Varginhense de Tiro ao Voo (CVTV).

A segunda medalha, também de ouro, infelizmente não possui dizeres para sabermos onde e quando foi conquistada. No entanto, por suas características e aparência, acredita-se que deve ter sido conquistada no mesmo clube de Varginha.

Imagens da segunda medalha de ouro conquistada pelo avô de Diogo, na década de 60, em prova de tiro ao pombo.

Um fato interessante é que até hoje Anísio atira com a mesma arma que seu pai conquistava suas medalhas. “Esta arma tem um grande valor sentimental para mim e traz boas lembranças”, comenta ele.  Trata-se de uma Beretta modelo 409 de canos paralelos fabricada em 1954.

Anísio e seu filho Diogo são filiados ao Clube Armas & Cia de Viçosa-MG e participam de provas de Trap Americano da Liga Nacional de Tiro ao Prato – LNTP, Confederação Brasileiro de Tiro Esportivo e Federação Mineira de Tiro Esportivo.

Anísio e Diogo juntos participam de provas de Trap Americano nos campeonatos nacionais e no estadual de Minas Gerais.

Se você também tem uma história de tradição de tiro esportivo na família e gostaria de compartilhá-la, entre em contato conosco pelo e-mail: revistapedana@gmail.com.

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