Durante o período 24 a 27 de maio, com a participação de mais de 300 atletas, as agradáveis instalações do Country Club de Goiás foram sede da etapa Regional Centro-Oeste do Campeonato Brasileiro de Trap Americano da Liga Nacional de Tiro ao Prato – LNTP.
Por Luiz Eduardo Dias
O Country Clube de Goiás – CCG
Fundado em 1960, o CCG é um belo clube social com cerca de 3.000 sócios. De acordo com a página do CCG na internet, o clube ocupa uma área de 380.000 m2 e possui o maior complexo tenista do Brasil Central, com vinte quadras profissionais. Possui, ainda, o melhor ginásio de peteca do Brasil com oito quadras de taco, tem cinco piscinas para adultos, sendo quatro delas aquecidas, possui um parque aquático, restaurante, mesas de sinuca e bilhar, playground, salão de festas, duas quadras cobertas de squash, academia, centro de bem-estar com massagem e fisioterapia, estandes de tiro, berçário, briquedoteca, três bares principais e um ginásio poliesportivo.
Além de uma ampla sede social, o CCG possui um grande espaço para eventos a céu-aberto, local onde foi realizado o jantar de encerramento do evento.
Em meio a muitas árvores e lindos bambuais, as instalações do Setor de Tiro do CCG chamam a atenção pela funcionalidade e conforto. De frente para a sede do Setor fica uma pedana de múltiplo uso, com infraestrutura para a prática de Trap Americano, Fossa Olímpica e Skeet. De cada lado desta pedanas ficam mais duas, totalizando cinco pedanas que bem atenderam o fluxo de atletas durante as provas.
De acordo com Marcos Abrão R. Soares de Carvalho, coordenador do Setor de tiro do CCG , as instalações de tiro ao prato – por tradição o clube não possui instalações de tiro à bala – foram criadas ainda no início da década de 60 e foi berço de grandes atletas, como Sérgio Bastos que foi campeão Sul-Americano. Daquela época para os dias de hoje, partindo de uma pedana de Skeet, o número de pedanas aumentou para que outras disciplinas, como o Trap Americano, pudessem ser praticadas.
Marcos Abrão lembra que muito pequeno, passeava pelas pedana e costumava pegar os pratos não quebrados após as sessões de tiro: “naquela época eu já falava que queria trabalhar para ter dinheiro para comprar uma arma e praticar tiro ao prato”.
Marcos faz questão de salientar que ao Setor de Tiro é muito organizado e capaz de receber eventos como a Regional, graças o trabalho de pessoas como Juliana e Luiz Rassi, Said e outros, que por amor ao tiro se desdobram para tudo aconteça da melhor forma possível. E realmente a regional foi perfeita em termos de organização e atendimento aos atletas.
Para o futuro, Marcos tem seus planos: “queremos no próximo ano, implantar mais uma pedana de Trap Americano e uma de hélice FAN-32”.
A Regional Centro-Oeste no Country Club de Goiás.
Ao comentar sobre a Regional Centro-Oeste, Marcos faz questão de agradecer a confiança e o apoio da LNTP, assim como de toda sua equipe, para a Regional Centro-Oeste ocorresse. Certamente a participação de mais de 300 atletas já foi um indicativo de sucesso e que, apesar de todas as dificuldades atuais, o tiro ao prato esportivo mostra a sua força e esta muito ativo no Brasil. Outro fator que ressalta a o esporte, é o fato de que mais de 80 atletas já confirmaram a participação no Grand American Trapshooting Championship, em agosto deste ano em Sparta – IL, USA.
Em todos os dias de provas o clima ocorreu de maneira favorável, com manhãs frescas e tardes de calor e céu com pouca nebulosidade, favorecendo a visualização dos pratos. Na sexta-feira, ao final da manhã, a ocorrência de rajadas de vento em algum as pedanas deixaram colocaram à prova a habilidade dos atletas. Da mesma forma, no período de 16:30 até o pôr-do-sol, a incidência direta da luz do Sol dificultou muito a visualização dos pratos, notadamente para aqueles cuja trajetória era para a esquerda (Oeste).
Em decorrência do número de atletas que atenderam etapa regional, as pedanas foram abertas para treinos já na terça-feira. A partir de quarta-feira os atletas já puderam dar início às provas para a realização do Trap 100, Trap 200 e Trap Brasil.
Neste dia, duas pedanas foram reservadas para os treinos, sendo uma para single e outra para o double. No sábado, dia de maior fluxo de atletas, as esquadras foram divididas em turma um e turma dois, sendo que em cada pedana os atletas fizeram duas séries de 25 pratos.
De maneira geral, as provas aconteceram sem ocorrências significativas, com um grande time de árbitros comandados pelo experiente atleta Sidnei Baumann.
Destaques da etapa do Country Clube de Goiás
Trap 100
De maneira geral os resultados alcançados pelos atletas no Country Clube de Goiás foram bons, mas nada de excepcional, uma vez que nenhum atleta conseguiu o escore perfeito de 100/100. Alguns 99/100 conquistados pelos atletas Edvaldo José Pascon (Master A), Artur Queiroz Amaral (Sênior A) e Marcelo Yoshifum Kanashiro (Sênior AAA).
Entre os paratletas o destaque foi para José Renato da Silva com 94/100 que defende o Clube de Caça e Tiro de Pádua – RJ. Na categoria Júnior, Francisco A. G. Lima Neto conquistou o primeiro lugar com 78/100. Na Damas A, a atleta de Palmas – TO, Rosilene Viana Back com 96/100 ficou em primeiro lugar. Jane Maria V. N. Silva conquistou o primeiro lugar no pódio na classe B das damas com 85/100.
Na Sênior os primeiros lugares foram conquistados pelos atletas Marcelo Yoshifum Kanashiro 99/100 (AAA); Silvio Back 98/100 (AA); Artur Queiroz Amaral 99/100 (A); Ítalo Peres A. Lima 98/100 (B); Pedro Blanco Neto 95/100 (C) e Marcelo Sousa Prado 95/100 (D).
Na categoria Master os campeões foram Edvaldo José Pascon 99/100 (A) e Reinaldo José da Silva 93/100 (B). Na Veteranos, o primeiro lugar na classe A foi conquistado por Luiz Eduardo Dias 97/100 e na B por Ernesto Roosevelt Carneiro 91/100.
Trap 200
Os destaques da modalidade Trap 200 foram os atletas da Sênior AAA Matheus Rocha Bortolozzo e Sergio Eduardo C. Santos que conseguiram o escore de 195/200. Veja, a seguir, os principais resultados do Trap 200.
Categ. | Cl | C | Atleta | Esc. |
Paratl. | 1º | José Renato da Silva | 185/200 | |
2º | Daniel Taiarol | 169/200 | ||
Júnior Masc. | 1º | Nícolas M. Couto | 185/200 | |
2º | Francisco Afonso G. Lima Neto | 163/200 | ||
Dama | A | 1º | Aline Quenzer Couto | 183/200 |
2º | Rosilene Viana Back | 182/100 | ||
3º | Juliane A. R. M. Rassi | 179/200 | ||
B | 1º | Janaina Messias Bueno | 167/200 | |
2º | Sandra Boirba Schroff | 150/200 | ||
Sênior | AAA | 1º | Matheus R. Bortolozzo | 195/200 |
2º | Sergio Eduardo C. Santos | 195/200 | ||
3º | Fernando José Zanchette | 193/200 | ||
AA | 1º | Murilo Nicolli | 193/200 | |
2º | Robson Deschamps | 193/200 | ||
3º | Leandro Cardoso Martins | 190/200 | ||
A | 1º | Tiago Ceolatto | 193/200 | |
2º | Silvio Back | 192/100 | ||
3º | Tiago Atta Rocha | 192/100 | ||
B | 1º | Edson da Riva Carvalho | 182/200 | |
2º | Eduardo Luiz Nardi | 179/200 | ||
3º | Ricardo Silva Nogueira | 178/200 | ||
C | 1º | Arthur Henrique da S. Rosa | 185/200 | |
2º | Gustavo José Huter | 177/200 | ||
3º | Said Racy Jr. | 177/200 | ||
D | 1º | Pedro Blanco Neto | 187/200 | |
2º | Weliton Cardozo Correia | 180/200 | ||
3º | Mauricio Rocha Tavares | 180/200 | ||
Master | A | 1º | Lair José de Marchi | 189/200 |
2º | Claudionor R. dos Santos | 189/200 | ||
3º | Edvaldo José Pascon | 188/200 | ||
B | 1º | Joel Brito Rocha | 180/200 | |
2º | Reinaldo José da Silva | 178/200 | ||
3º | Ernst Ludwig Schroff | 178/200 | ||
Veterano | A | 1º | Luiz Rassi Jr. | 188/200 |
2º | Semi R. Moraes | 176/200 | ||
3º | Luiz Carlos V. Pirani | 163/200 | ||
B | 1º | Luiz Eduardo Dias | 171/200 | |
2º | Irapuan Costa Jr. | 169/200 | ||
3º | Sydney José Viana | 167/200 |
Trap Double
Com a participação de cerca de 95 atletas, as provas de Trap Double ocorreram na pedana central, de frente para a sede do Setor de Tiro Esportivo do CCG. Por ser uma modalidade de prova de maior dificuldade e demandar maior volume de treino, nem todos os atletas se arriscam a participar desta prova. Entretanto, pode se considerar uma excelente participação – 30% dos atletas presentes – uma vez que a escassez de cartuchos também foi uma fator extra no sentido de reduzir a participação de atletas. Os destaque na modalidade foram Roberto Bortolozzo 93/100 e Edgar Bortolozzo 92/100.
Veja os campeões de Trap Double, nas diferentes categorias e classes:
– Paratletas: José Renato da Silva 73/100
– Dama: Rosilene Viana Back 83/100
– Sênior A: Roberto Bortolozzo 93/100
– Sênior B: Edgar Bortolozzo 92/100
– Sênior C: Silvio Romeu de Paula Machado 89/100
– Sênior D: Oswaldo M. P. Corrêa 85/100
– Master: Edvaldo José Pascon 87/100
– Veterano: Luiz Carlos V. Pirani 72/100
Trap Misto
Primeiro lugar: Rosilene Viana Back e Silvio Back 1984/200
Segundo lugar: Juliane A. R. Miranda Rassi e Luiz Rassi Jr. 189/200
Terceiro lugar: Aline Q. Couto e Marcelo M. Couto 180/200
Trap Família
Primeiro lugar: Roberto Bortolozzo e Matheus R. Bortolozzo 193/200
Segundo lugar: Rudimar Bortolozzo e Edgar Bortolozzo 189/200
Terceiro lugar: Claudenir Bortolozzo e Thiago R. Bortolozzo 187/200
As grandes finais (Top Gun) da etapa realizada no Country Clube de Goiás
Como de praxe, nas etapas regionais e na grande final do campeonato brasileiro realizado pela LNTP, os seis atletas – no masculino e no feminino – que conseguiram as maiores pontuações no somatório das modalidades Trap 100, Trap 200 e Trap Double, participam da prova Top Gun da etapa.
Nesta Regional Centro-Oeste, a disputa do Top Gun foi realizada por uma série inicial de 25 pratos onde os três atletas de menor escore sairam da prova (medalhas de quarta, quinta e sexta colocação, respectivamente). Após nova série de cinco pratos o atleta de menor escore acumulado ficou com o troféu de terceiro colocado e, uma última série foi realizada para a decisão de campeão e vice-campeão e campeã e vice-campeã do Top Gun.
Na disputa do Top Gun feminino a classificação final ficou assim:
– Campeã: Janaina Messias Bueno.
– Vice-campeã: Rosilene Viana Back.
– Terceiro lugar: Aline Q. Couto.
– Quarto lugar: Jucelma P. M. Reuter
– Quinto lugar: Juliane A. R. Miranda Rassi
– Sexto lugar: Jane Maria V. Neuwald Silva
Na disputa do Top Gun masculino a classificação final ficou assim:
– Campeão: Thiago Bortolozzo.
– Vice-campeão: Murilo Nicoli.
– Terceiro lugar: Silvio Back.
– Quarto lugar: João Saulo S. de Macedo.
– Quinto lugar: Matheus Bortolozzo.
– Sexto lugar: Sergio Corrêa Santos.
Depoimentos
Murilo Nicoli, iniciou no tiro esportivo em 2018 por meio de amigos que praticavam o esporte no Clube de Tangará da Serra – MT, daquela época pra os dias de hoje tem se dedicado plenamente ao Trap Americano, participando das etapas do Campeonato Estadual e das etapas da LNTP. Para Murilo, que atualmente é vice-presidente e atira pelo Clube de Caça e Tiro de Tangará da Serra ,o tiro ao prato é cativante por ser uma prova de longa duração e exigir extrema concentração, tornado-se um desafio muito grande.
Murilo, faz questão de parabenizar a equipe do CCG pela ótima organização: “nota dez”! Para o atleta a etapa difícil e apesar de toda insegurança e instabilidade do cenário atual do tiro esportivo se sente muito feliz em ver mais de 300 atletas e seus familiares presentes em Goiânia.
Mais de 40 clubes de tiro esportivo estiveram representados durante os quatro dias de competições, entre estes o Clube de Tiro Esportivo e Caça de Palmas, com alguns atletas que participaram pela primeira vez em de uma etapa Regional, como Matheus Henrique Glucksberg, Pedro Blanco Neto e João H. Trombini Duarte. Matheus e Pedro ficaram impressionados com a ótima organização do evento e que a experiência muito muito gratificante e, certamente, se sentiam motivados a participar de outras etapas.
A equipe de Palmas foi a quarta colocada entre os clubes participantes e contou com atletas experientes e de alto rendimento, como o casal Rosilene e Silvio Back e Tarso da Costa Alvim. Aliás, a LNTP aproveitou a etapa regional para presentear com a tag 100/100 os atletas que durante este ano alcançaram o escore perfeito. Dentes os atletas que conquistaram este feito, estão a Rosilene Viana Back e Matheus Henrique Glucksberg. Parabéns aos atletas de Palmas!
A juventude no tiro no ao prato
Não é de hoje que eu comento que o tiro ao prato não tem a presença de jovens em quantidade desejada participando de provas dos campeonatos brasileiros. Podemos atribuir este cenário à muitas razões, no entanto, não cabe aprofundar no assunto nesta reportagem. Más, nem tudo está perdido. A etapa Regional Centro-Oeste contou com a presença de dois jovens na categoria: Nícolas Meirelles Couto e Francisco Afonso G. Lima Neto. O primeiro, apesar da idade, é um habitué das provas de Trap Americano e vem obtendo excelentes resultados, como o conquistado nesta etapa realizada no CCG (98/100 e 185/200).
Já Francisco Afonso é um jovem (15 anos) com poucas participações em provas do campeonato brasileiro e vem mostrando uma grande potencial, quer seja por sua habilidade, como pela determinação e disciplina. Nascido em Fortaleza – CE, Francisco Afonso nos relata que o tiro é um legado de família, pois seu avô aprendeu a atira com seu bisavô, seu pai aprendeu a atirar com seu avô e, obviamente, ele aprendeu com seu pai e, “certamente vou ensinar para meus filhos!”. É uma paixão que aconteceu desde de muito cedo em sua vida e me ajuda nos estudos por aumentar minha capacidade de contração e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de relaxar quando estou tenso devido de minhas atividades na escola.
Um grande apoio ao atletas
Com a finalidade de dar maior apoio aos atletas, a organização do evento providenciou um espaço para que uma competente armeiro se colocasse à disposição para ajustes e pequenos reparos em armas. Edgar Ferreira dos Santos Neto, aos oito anos de idade ganhou um revolver de brinquedo e, rapidamente, aprendeu a desmontá-lo; “Acho que estava no sangue minha paixão por armas”, comenta Edgar. Em sua oficina, localizada em Teresópolis de Goiás, presta serviço para atletas de todo o Brasil e para policiais civis, Edgar relata das dificuldades de adquirir ferramentas e máquinas, uma vez que grande parte são importadas. Por isso mesmo, muitas ferramentas de seu dia-a-dia de trabalho foi ele que fabricou.
Otimista com o mercado, Edgar trabalhou muito durante os dias de competição no CCG, sendo muito procurado para ajustes de soleira de coronha e de massa de mira, troca de extratores e oxidações a frio e outros reparos. Certamente foi uma ação positiva por parte da equipe de organização da Regional Centro-Oeste.