Uberlândia sediou a grande final do Trap Americano no Grande Prêmio Tiro Brasil, que marcou os 10 anos da Liga Nacional do Tiro ao Prato, além de ter significado um importante reencontro da família do esporte.
Por Cezar Félix
Promovido pela Liga Nacional de Tiro ao Prato — um evento histórico pelo fato de também marcar os 10 anos de existência da LNTP —, o Grande Prêmio Tiro Brasil aconteceu em Uberlândia, no período de 22 a 27 de novembro, nas pedanas do CTU (Clube de Tiro de Uberlândia), instaladas nas dependências do tradicional Clube de Caça e Pesca. Veja a bela reportagem sobre a cidade deUberlândia no Portal da Revista Pedana https://revistapedana.com/uberlandia-turismo-e-negocios-no-cerrado/
Cerca de 300 atiradores de diferentes pontos do país competiram nas pedanas da mais importante cidade do interior de Minas Gerais.
Como manda a tradição dos esportes de tiro ao voo, principalmente quando se trata do Trap Americano, as competições transcorreram dentro de um clima muita alegria. Os presentes faziam questão de se confraternizarem. Famílias inteiras prestigiavam os atiradores, pois notava-se a presença desde os “veteranos e veteranas” até as crianças da mais tenra idade.
Nem a chuva torrencial que caiu na tarde de sexta-feira, dia 26/11, conseguiu atrapalhar o excelente andamento das provas. Logo em seguida à tempestade, as provas recomeçaram ainda sob forte chuva, o que deu um aspecto ainda mais desafiante aos competidores.
Intenso movimento
Na solenidade de abertura do Grande Prêmio Brasil, o vice-presidente Acir Edling, em seu pronunciamento, assinalou que a família Trap americano estava muito saudosa dos encontros, dos abraços e das boas conversas. Acir também não se esqueceu de homenagear aqueles que partiram quando pediu um instante de reflexão a todos os presentes. Houve então um profundo e respeitoso silêncio nas dependências do clube.
Junto ao grande movimento nas pedanas, na sala de armas e nas áreas de convívio entre os presentes, notava-se também uma intensa movimentação nos estandes, um claro sinal de que os negócios também estavam aquecidos. As grandes marcas e os mais destacados segmentos de negócios do setor, estamparam as suas marcas e os seus produtos durante o Grande Prêmio Tiro Brasil.
Também é preciso registrar, como havia sido anunciado com antecedência, o lançamento, na noite do dia 22/11, da primeira edição impressa da Revista Pedana — que surge para multiplicar um projeto de comunicação especializado no tiro ao voo — idealizado e liderado pelo atirador Luiz Eduardo Dias —, que inclui o portal revistapedana.com, além do perfil @revistapedana no Instagram.
Opiniões e trajetórias
Mais uma vez, como parte de sua proposta editorial, esta Revista Pedana entrevistou alguns atletas que competiram no Grande Prêmio de Uberlândia. Cada atirador, além de opinar sobre a dinâmica do evento, falou um pouco sobre a sua trajetória no Trap Americano.
O paratleta José Wilson Menezes Oliveira, de Espigão do Oeste (RO), que começou no tiro há apenas um ano, conta que se trata de um ‘hobby’ de alta qualidade, “algo viciante, uma atividade muito gostosa”. Empolgado com o que viu nesta final em termos de competitividade e da ótima organização por parte da Liga, “um evento muito importante em nível nacional”, ele pretende rodar o Brasil nas competições de 2022. “Aproveito para parabenizar o CTU pelo que me disponibilizaram em termos de acessibilidade: plataformas, rampas de acesso e banheiro”.
Quem também se destacou nas pedanas foi o adolescente Nicolas Meirelles Couto, de 15 anos, de Monte Alto (SP), filho do casal Aline e Marcelo Couto. O jovem atirador conta que começou no Trap Americano aos 14 anos, assim que saiu a autorização para que ele pudesse atirar. Nicolas explica que é grande a motivação dele para crescer no esporte, “principalmente porque estou sempre em família, atirando junto com os meus pais”. Ele acrescenta que é “apaixonado pelo esporte, pois é uma sensação muito boa quando você quebra um prato e uma felicidade muito grande quando você faz um bom resultado”.
Objetivo nos argumentos, o garoto afirma que “tudo é resultado dos treinos, é muito importante, por isso treino toda semana’. Nicolas confessa que “ainda é difícil saber se vou seguir uma carreira no tiro, pois ainda preciso decidir o que eu vou querer fazer em termos de profissão. Mas seria uma opção dar continuidade, ficar cada vez melhor e até ganhar títulos muito importantes”. Sobre o Grande Prêmio Tiro Brasil, ele classificou como uma “prova incrível, muito bem organizada e é muito legal atirar aqui em Uberlândia”.
Vigoroso crescimento
Olcimar Tramontini, de Pato Branco (PR), atleta há 10 anos, lembra que esse é o campeonato “mais esperado do ano” e que comprovou ser “excelente em todos os sentidos”. Experiente, Olcimar conta que percorre as provas do paranaense e da Liga Nacional e que, por essa razão, nota um vigoroso crescimento do Trap Americano. “Embora não estejamos no auge, em função da pandemia, eu aposto que no ano que vem será impressionante a participação dos atiradores. O esporte cresce especialmente no Paraná”, afirma ele. “Existem muitos clubes fazendo investimentos e você nota cada vez mais jovens e mulheres entrando no esporte”.
Evandro Chiocheta, também de Pato Branco (PR), confessa que participar da final “foi a realização de um sonho iniciado em janeiro de 2021” quando ele iniciou no Trap americano. Ele conta que a partir de agora pretende focar ainda mais nas competições no Paraná e nos campeonatos promovidos pela Liga Nacional. “O tiro nos proporciona um ambiente extremamente familiar, onde fazemos muitas amizades e nos faz sentir um imenso prazer em praticar o esporte”.
Há seis anos no Trap Americano, Ary Denti diz que normalmente costuma ir em todos os campeonatos presencias, “embora não consiga ir em todos os regionais em função das atividades profissionais da fazenda”. Ary esclarece que fez questão de “vir prestigiar a final, pois um evento maravilhoso, muito bem organizado como esse, se deve ao trabalho desenvolvido pela Liga”. Ele assinala que quando começou, em 2015, “eram bem menos atletas e todo ano aumenta o número de atiradores e muito se deve à atuação da LNTP”, reforça.
Ao lado da esposa Luciana Denti, o casal — que reside em Marau (RS) — conta que atira junto desde 2017, quando ela começou no esporte incentivada por ele. Luciana conta que costuma incentivar outros casais a aderirem ao esporte, “principalmente porque o tiro é uma grande família”. Reconhecendo que é muito competitiva, ela diz que é uma grande satisfação pessoal obter bons resultados.
Os dois, aliás, registram importantes conquistas: Luciana Denti é a única brasileira que fez 100 em 100, no Grand American Trap Shooting em Sparta, Ilinnois. Já Ary, entre 2018 e 2019, foi quatro vezes campeão mundial em Sparta e ainda conquistou lá dois segundos e dois terceiros lugares. Ele aproveita para lembrar que recentemente fez o 11º 100/100 da carreira dele e em Uberlândia fez 50 x 50 no Trap 50; 48 de 50 no Trap Double e, no Trap 100, fez 99.
Vania da Costa e Cláudiangela Goldoni, de Palmas (PR), estavam em Uberlândia acompanhando os maridos atiradores. Vania, esposa de Luís Fernando Semidini, destacou o “ambiente muito gostoso e acolhedor” dos campeonatos de Trap Americano, especialmente de Uberlândia, onde ela esteve pela segunda vez. Já Cláudiangela, atiradora de arma curta e praticante de Trap Americano apenas para se divertir, assinala que “adora o ambiente familiar, de momentos muito especiais de relaxamento e descanso”.
O atirador de Niterói Fábio Nascimento foi só elogios ao campeonato: “é o segundo ano que venho, e estou assustado com tamanha estrutura, os organizadores pensaram em tudo, em todos os detalhes de qualidade, dou nota 10 para esse Grande Prêmio Tiro Brasil. Parabéns tanto para a LNTP quanto para o CTU”.
Fábio começou no Trap Americano em 2017, mas anteriormente participava de IPSC em provas de tiro aberto. “Eu fui convidado pelo casal Janaína e Eduardo Mello para conhecer o Trap Americano um pouco antes do início da pandemia, e me apaixonei logo no primeiro dia. Comprei a minha primeira arma e estou desde então completamente apaixonado pelo Trap Americano”, confessa. “Acabei de trocar de arma agora e pretendo correr esse Brasil atirando. Onde tiver uma pedana, eu quero estar presente”, decreta ele.
Outro aspecto destacado por Fábio é a “amizade, carinho e respeito que as pessoas têm umas pelas outras, que você não encontra em nenhum outro esporte de tiro, pois é uma característica do Trap”. Fábio aproveita para informar que treina no CCPN, um dos mais antigos clubes do Rio de Janeiro.
Divas do Tiro
Rafaela Simão e Paula Scaranatta Galetto são integrantes do grupo “Divas do Tiro, que marcou importante presença no Grande Prêmio Tiro Brasil (Etapa Play Off) de Uberlândia. Elas concordam que o surgimento do grupo veio para consagrar a importância que a mulher tem para o esporte. Rafaela e Paula fazem questão de salientar que embora tenha ocorrido uma significativa presença de participantes do “Divas do Tiro” em Uberlândia — inclusive algumas não estão na foto que ilustra essa reportagem porque estavam competindo na hora — o grupo é ainda maior e mais expressivo.
A trajetória de Rafaela Simão no Trap Americano foi iniciada em 2017 “quando comecei a fazer as primeiras aulas no final de 2017 com o senhor Oscar Shultz, que é um grande professor lá de Blumenau. “O meu marido e eu”, prossegue ela, “começamos a participar dos campeonatos catarinense e brasileiro. Nós percorremos várias cidades em Santa Catarina, fazemos as regionais e a final. Pelo fato de viajarmos bastante pelo Brasil e por nosso estado, fizemos muitas boas amizades. Assim é Trap Americano”, encerra ela.
Paula, por sua vez, começou no Trap há cinco anos no clube de Cascavel (PR). Ela também percorre os campeonatos paranaenses assim como nas provas regionais. “Já conhecemos muitos clubes pelo Brasil afora”, diz ela. Sobre a participação das mulheres, Paula afirma ser algo “importantíssimo, pois antes da criação do grupo as mulheres estavam nos clubes, mas nós não tínhamos informações sobre elas, se eram de fato atiradoras e de onde eram. Hoje, é diferente, fizemos amizades entre nós, e criamos esse círculo”.
Outro fato relevante acrescentado por Paula é o aumento da presença de jovens no esporte, incentivados pelos pais. “O que torna o Trap Americano um gosto comum entre a famílias”.
Há apenas cinco meses no tiro, “sou uma novata”, a catarinense Sheila Menin, de Balneário Gaivota, mas que treina no clube de Araranguá, foi um dos destaques de Uberlândia: ela fez o seu primeiro 25/25.
“Foi uma grande conquista, a emoção foi muito grande”, diz ela, que também explica que está evoluindo a cada dia no esporte. Sheila destaca que “foi uma experiência magnífica alcançar esse resultado em tão pouco tempo”. Ela também percebe que o Trap Americano segue crescendo muito entre as mulheres, “e é lindo de ver isso acontecer”.
Ao final do Grande Prêmio foram realizadas as provas de Top Gun feminino e masculino, reunindo os atletas que conquistaram os seis melhores resultados na soma de todas as provas realizadas. Como de costume, os demais atletas e familiares se colocaram por trás das duas pedanas, formando uma imensa plateia para acompanhar esta maravilhosa disputa que, sempre é muita carregada de tensão e emoção. Ao final, uma verdadeira aula de tiro, onde a concentração, controle mental e habilidade dos atletas foram destaques.
No feminino a grande campeã foi a atleta Rosilene Back de Palmas – TO que realizou uma emocionante disputa com a atleta Aline Couto de Monte Alto – SP. No masculino o vencedor foi Ary Denti, atleta reconhecido como um dos mais talentosos da atualidade.
Por fim, fica registrado o importante trabalho realizado pela LNTP e o CTU em prol do crescimento e desenvolvimento do Trap Americano em nosso país. O calendário do Campeonato de Trap americano organizado pela LNTP já foi elaborado e está disponível em seu site https://www.tirobrasil.com.br/. As expectativas para o próximo ano são muito boas. Certamente teremos um grande campeonato, com o retorno das etapas regionais.