Em um concorrido evento o Clube Olímpico Boituva inaugura um belo espaço dedicado à prática de Trap Americano e de Hélice.
Por Cezar Félix e Luiz E. Dias
No município de Boituva – SP o dia 17 de julho de 2021 foi especial para os admiradores e praticantes de tiro ao voo. O Clube Olímpico Boituva realizou um belo evento para marcar a inauguração de três pedanas, duas para a prática de Trap Americano e outra para tiro a Hélice – FAN 32. As pedanas foram muito bem construídas, apresentando infraestrutura completa e com equipamentos novos e modernos necessários para a boa prática do esporte. Idealizado e construído pelo empresário paulistano Cássio Werneck, presidente do Centro Tático Cobra-CTC, a vasta área localiza-se na fazenda de sua propriedade, nas proximidades de Boituva.
O início.
Cássio Werneck conta que tudo começou quando ele atuava como Secretário de Segurança Pública de Boituva. O então delegado da cidade, Silvan Renosto, queria montar um clube de tiro e o empresário então cedeu uma área, em sua fazenda, para erguer a estrutura necessária para o Clube Olímpico Boituva.
“Após um período, quando eu já não estava na secretaria, ele me convidou para assumir o clube e eu vim com a condição de trabalharmos para a montagem de um centro de treinamento. Eram muitas as dificuldades para treinar os policiais e o pessoal da guarda, de modo que pudesse existir interação entre as forças em uma área adequada. Daí, nós criamos o centro tático (Centro Tático Cobras-CTC )”, explica Werneck. Assim, a partir de sua criação, o Centro Tático e o Clube Olímpico passaram a compartilhar áreas de treinamento e stands de tiro, no entanto, com administrações independentes.
Espaço diferenciado para o tiro ao voo
O CTC, segundo o empresário e instrutor Cássio Werneck, conta com uma infraestrutura diferenciada: “temos a área de treinamento para brigada de incêndio, uma escola de bombeiros homologada e vamos começar a fazer a reciclagem dos bombeiros civis — só não fizemos antes por causa da pandemia — e daremos início, na sequência, à escola propriamente dita”.
O fato do CTC e o Clube Olímpico Boituva compartilharem instalações permite que os associados do clube tenham à disposição salas de aula para diversos cursos, dos mais básicos sobre o manuseio de armas até os avançados com o uso de equipamentos eletrônicos que simulam práticas de tiro com armas longas e curtas. Agora com as novas pedanas o clube passa oferecer a seus associados opções de modalidades de tiro ao voo.
Com relação às modalidades de tiro à bala, o Clube Olímpico Boituva oferece para seus associados uma área para provas de IPSC e IDSC, além de um estande para provas de curta distância (15 m) e outro para provas de até 50 m. Neste momento, as baias dos dois estandes estão sendo automatizadas.
Porém, segundo conta Cássio Werneck, os atiradores da região sempre pediam uma área para praticar tiro ao voo, principalmente o Trap Americano. “Resolvemos então montar esse espaço; inicialmente, montamos uma pedana que ficou por um período de experiência; a segunda entra em operação a partir deste evento de inauguração. Além, é claro, da pedana para a prática de tiro à Hélice”. Sobre esta, ele explica que “trata-se de uma modalidade diferenciada, muito desafiante e que a cada dia atrai mais praticantes”.
Ótimos resultados
Sobre o trabalho que desenvolve no CTC, Cássio conta que é um instrutor de primeiro tiro — “mas não sou instrutor credenciado em lugar nenhum”, assinala, bem humorado. “Nós criamos uma maneira de ministrar aulas: no primeiro momento, você trabalha com regras de segurança e fundamentos do tiro; você aprende a fazer todo o manuseio da arma, vai para sala de tiro virtual, faz os primeiros treinamentos e uma série de tiros com armas de diferentes calibres, começando com o .22,” descreve ele, didaticamente. “Nós temos tido ótimos resultados, pois vários associados iniciaram como alunos que estudaram, conheceram o tiro, aprenderam a atirar e hoje participam de campeonatos”, completa.
Cássio Werneck acredita que o crescimento do tiro ao voo no Brasil é algo inevitável. “Na verdade, o esporte já deveria ter crescido muito mais aqui no nosso país, mas a gente sabe muito bem porque não houve essa evolução”, dispara. O empresário e instrutor lembra que nos países mais desenvolvidos aprende-se muito cedo a atirar e que essa cultura deveria ser replicada por aqui. Todavia, ele esclarece que “o tiro de defesa é completamente diferente do tiro de competição. Algumas pessoas já querem começar com o tiro de defesa, o que eu acho errado; é preciso dar o primeiro passo: conhecer todos os processos, aprender a atirar, ter segurança, fazer bem feito e só depois a pessoa faz um curso de defesa”.
Werneck diz que gosta muito de ministrar aulas, de ensinar. “O meu maior prazer é ver um aluno se sair bem e conquistar bons resultados nos campeonatos”, confessa. Em relação à expectativa de todos os atiradores em torno do espaço inaugurado em Boituva, ele afirma: “o pessoal da região está muito contente e entusiasmado” e que por isso mesmo tem muita confiança de que o clube registrará um movimento ainda maior do que o habitual: “eu acredito que um investimento nesta área, feito pelo prazer de realizar uma construção como a que fizemos, o dinheiro virá como consequência. É um investimento que precisa ser amadurecido, exige-se um tempo. O start foi dado”.
Ao analisar a conjuntura atual do tiro esportivo no Brasil, Werneck afirma que trata-se de um esporte “simplesmente espetacular porque, antes de qualquer coisa, o atleta compete é contra ele mesmo. O atirador sempre busca o aprimoramento de seu tiro, procurando aperfeiçoar, fazer o melhor para engrandecer ele próprio como pessoa em um desafio permanente. Além do mais, o atleta descarrega energias de uma maneira positiva, principalmente porque ele não está agredindo ninguém”, finaliza.
Interessante ressaltar que as palavras de Cássio sobre a necessidade de o atirador estar sempre se aperfeiçoando não são apenas retóricas. Os associados do Clube Olímpico terão a oportunidade de participar de clínicas de tiro ao ao voo com dois dos mais importantes instrutores em atividade no Brasil, Carlo Danna e Roberto Schmidt, nos meses de agosto e setembro deste ano, respectivamente.
Veja a entrevista que Roberto Schmits deu para a Revista Pedana clicando no link abaixo:
https://revistapedana.com/uma-vitoriosa-trajetoria-trap-americano/
A Inauguração
Além da presença de associados, de admiradores do esporte e de atiradores de diferentes regiões, a solenidade de inauguração foi prestigiada por autoridades municipais como prefeito Edson José Marcusso, além de autoridades militares, do judiciário e do legislativo, como a vereadora Irani Marson.
O evento teve início com o hasteamento das bandeiras (nacional, estadual e municipal) ao som do Hino Nacional Brasileiro. Em seguida, o digníssimo prefeito de Boituva, juntamente com alguns associados do COB fizeram o disparo simultâneo a um prato na pedana de Trap Americano, simbolizando inauguração dela.
O evento teve continuidade com a realização de uma prova de Trap Americano e o oferecimento de uma deliciosa “paella caipira” aos convidados.
Prova de Trap “Os desbravadores”
Como parte das atividades de inauguração das pedanas foi realizada uma prova de Trap Americano com duas séries de 25 pratos. A Prova contou com a participação de 20 atiradores, oriundos do próprio Clube Olímpico de Boituva e de outras localidades. Na oportunidade, foram registrados vários elogios às instalações, uma vez que as pedanas possuem ótima posição, quer seja em relação à paisagem de seu entorno, como em relação ao movimento do Sol. A prova foi muito bem, conduzida por Fabrício Moraes – árbitro do clube e braço direito de Cássio Werneck – e as séries foram se repetindo com grande participação do público visitante, que atentamente vibrava com os acertos, porém de maneira adequada para não incomodar os atletas.
Classificação | Atleta | Pontos |
1º | Luiz Eduardo Dias | 45 |
2º | Luiz Reinaldo Vargas | 44 |
3º | Júlio Carlos P. Machado | 43 |
4º | João Vitor Holtz | 40 |
5º | Antônio Raimundo Leite | 38 |
6º | Tácito Eduardo Trevelin | 37 |
7º | Fabricio Vaz De Moraes | 37 |
8º | Diego Miquelin Piasentin | 36 |
9º | Diego Belucci | 36 |
10º | João Edward Soranz | 35 |
Personagens do evento
Outro personagem importante para o Clube Olímpico é o seu diretor e atleta Sílvio Luís Paggiaro. Feliz como o novo espaço, ele afirma que todo o crédito desta realização precisa ser dado a Cássio Werneck, “que abraçou essa nossa ideia de trazer o tiro ao voo aqui para o clube”, como conta. Paggiaro recorda que na década de 1970 já havia a tradição da prática do tiro ao prato em Boituva, inclusive com assídua a participação do avô dele.
Como forma de resgatar o esporte, o atirador, natural da cidade, conta que trocava ideias com Werneck sobre a viabilidade de criar o espaço. “Começamos a realmente desenvolver a sério essa ideia há pouco mais de um ano e hoje temos essa bela estrutura. Realizamos hoje aqui o marco inaugural do tiro ao voo não só para Boituva, mas para toda a região do interior do estado de São Paulo”, diz, com entusiasmo.
Sílvio Paggiaro reafirma uma “grande expectativa” sobre o futuro do clube, pois “temos muitos atiradores aqui na região; municípios como Itapetininga, Tatuí, Sorocaba e Piracicaba ainda não têm essas modalidades. Então, a gente pretende trazer muitos atiradores desse segmento para podermos fomentar e difundir o tiro ao voo”.
Há pouco mais de cinco anos no esporte de tiro, Sílvio Paggiaro começou no Trap Americano e já conquistou um vice-campeonato brasileiro e sagrou-se duas vezes vice-campeão paulista, em 2018/2019. “Viajo pelo Brasil praticando o esporte, disputo os campeonatos brasileiros e o estadual de São Paulo de Trap”, declara ele.
Paggiaro também conta que no momento ele sente muita empatia com a Hélice, “uma modalidade diferente e desafiadora de tiro ao voo”. Ele acrescenta que participou de duas etapas do pan-americano de Hélice e da Copa do Brasil Fan 32, realizadas em Curitiba, no período de 7 a 11 de julho. Para Sílvio, não há hoje no Brasil esporte capaz de reunir tantas qualidades como o tiro ao voo, justamente pelo fato dele aglutinar “uma dinâmica especial de trabalhar simultaneamente todos os sentidos do atleta”, como argumenta. “São incomparáveis as emoções provocadas tanto pelo Trap quanto pela Hélice”, completa.
O atleta de Boituva aproveitou para relacionar o crescimento das modalidades de tiro ao voo à presença desta Revista Pedana: “o esporte, graças ao seu potencial, conta agora com um veículo de comunicação, um portal, que surge com um impressionante conteúdo, um meio no qual o atirador pode confiar na busca por notícias e também para pesquisar assuntos que podem lhe ajudar no seu desenvolvimento como atleta”.
Presenças marcantes ao evento foram as de Fernando Schiavon, Diretor proprietário da Buschi – Máquinas Automáticas de Alta Performance, da cidade de Rio Claro – SP e a de Dorival Santos, diretor proprietário da Usifan, empresa de Marialva-PR. Para a montagem das novas pedanas de tiro ao voo do Clube Olímpico Boituva, a empresa Buschi forneceu e instalou as máquinas lançadoras de prato, enquanto a Usifan foi a responsável por fornecer e instalar as máquinas lançadoras de hélice.
Da mesma forma, deve ser registrada a presença de Conrado Sousa, de Uberlândia – MG, que é consultor técnico da empresa E.R. Amantino Ind. Máq. Equip. Acess. e Armas, de Veranópolis – RS. Conrado é responsável pela comercialização de espingardas Boito personalizadas para CACs e clubes de tiro. A personalização é realizada pela fábrica, oferecendo diferentes opções técnicas e de acabamento para as armas.
Por fim, a Revista Pedana agradece o gentil convite, realizado pelo Clube Olímpico Boituva, na pessoa de Fabrício Moraes e de sua diretoria, para que fosse realizada essa reportagem especial. Foi uma honra para a nossa equipe participar e cobrir um acontecimento tão importante para o crescimento do tiro ao voo no estado de São Paulo.
Para mais informações sobre o Clube Olímpico Boituva, click no link a baixo:
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