Arbitragem qualificada — algo muito além de simples marcador

Por Everaldo Goulart de Almeida

A LNTP (Liga Nacional de Tiro ao Prato) desde 2016 criou a Comissão Permanente de Arbitragem, quando observou que o tiro ao prato (principalmente na modalidade de Trap Americano) vinha crescendo muito e exigindo uma organização muito mais ágil e efetiva que atendesse a demanda que surgiu deste crescimento nas provas presencias (Provas Regionais e Playoff).

Quando a Liga começou a criar seu novo sistema de arbitragem, verificou que muito mais que colocar árbitros fixos em cada pedana precisava também de um Staff Organizacional que oferecesse além de condições para arbitragem trabalhar, um maior planejamento das provas presencias que oferecesse um eficaz trabalho antes, durante e depois da realização destes eventos.

A  Comissão de Arbitragem, iniciou criando um Manual de Normatização, Padronização e Procedimentos para seus futuros árbitros, também iniciou um trabalho de cadastramento de atletas que se dispunham a trabalhar durante todo o evento. Para isso exige-se que o árbitro seja : filiado a Liga, ser atleta a mais de um ano e profundo conhecedor do Regulamento da Liga. Aqui iniciou-se os problemas, encontrar  atletas qualificados e dispostos a trabalhar. Com muito empenho e paciência conseguimos criar um Cadastro de Árbitros que se renova e aos poucos amplia-se a cada temporada.

Quais as funções da Arbitragem?

As funções de uma arbitragem qualificada no tiro ao prato (Trap Americano) de um modo geral principiam-se por garantir que todas as regras do Regulamento sejam respeitadas e aplicadas durante as esquadras (série de 25 pratos). Outra função é dar agilidade na entrada, nas mudanças e saída de cada grupo de atiradores da pedana fazendo fluir a mecânica do início ao fim de cada série.

Garantindo assim que a competição não sofra atrasos que comprometam os horários e com isso o término das provas em cada dia. E por fim garantir um elevado nível técnico de que proporcione ao atleta condições para atingir seu melhor resultado naquele momento.

Levando em conta que o árbitro sobre a pedana é a autoridade máxima ali presente ele pode e até deve nomear o primeiro atirador como seu árbitro auxiliar, lembrando ainda que este é um árbitro consultivo e que o mesmo deve manifestar-se somente quando solicitado pelo árbitro principal.

O árbitro principal, além do conhecimento técnico, deve também ter algumas características sejam inatas ou adquiridas em treinamentos, onde este deve mostrar-se:

Ser um profissional fisicamente qualificado, principalmente com boa visão e bom preparo físico que lhe proporcione condições de ficar tanto tempo sentado e atento ao voo dos pratos.

Estar muito atento e focado em suas funções e responsabilidades

Ter uma postura firme e confiante em suas decisões quando se tornam necessárias impondo o que rege o Regulamento da Liga.

Ter autoridade,  mas também serenidade para manter a disciplina e um ambiente calmo e tranquilo seja com os atletas da esquadra que estão participando, seja com outros que estão em espera ou ainda com curiosos que estão fora conversando alto ou que tentam entrar e se portar na pedana sem autorização.

E por fim algo que considero  muito importante em um árbitro. Quando tiver dúvida, e isto não é muito raro, decorrente da extenuante jornada que é uma prova.

Sem demonstrar insegurança ou deixar se levar por “atletas malandros”, usar o BOM SENSO e consultar o árbitro auxiliar ou até mesmo outros atletas participantes e evitar que se prejudique o resultado de um atleta. Quando a dúvida ainda persistir, ter a HUMILDADE de lembrar ao atleta que ele pode primeiramente terminar sua série da maneira mais tranquila possível e ao final exercer seu direito e solicitar que o árbitro coloque no verso da súmula seu questionamento e encaminhe a Juria da prova para posterior julgamento.

Sabemos que nosso trabalho ainda precisa ser aprimorado, treinando e qualificando ainda mais nossos árbitros e organizadores. Mas a cada etapa procuramos melhorar nosso desempenho. Neste último PlayOff, decorrentes de um ano atípico com barreiras sanitárias impostas pela pandemia que impediram nosso esporte ter um campeonato contínuo, e também do novo estilo de múltiplas provas em um mesmo dia, tivemos muitos problemas na condução do evento. Mas como já é de costume, tudo foi anotado para a ser resolvido na Reunião de Planejamento Anual da Liga.

Acreditamos que depois que a Liga implantou sua Comissão de Arbitragem e seu Staff Organizacional em suas provas, proporcionando um ambiente muito mais técnico e organizado, também obrigou nossos atletas a buscar maior conhecimento tanto das técnicas de tiro quanto das regras da competição impostas pelo regulamento. Com isso estão surgindo atletas muito mais competitivos que estão alcançando grandes resultados tanto no Brasil como lá fora, principalmente no Estados Unidos  no maior evento de tiro ao prato do mundo: “The Grand American Word Trapshooting Championships – Sparta IL”, organizado peça ATA (Amauter Trapshooting Association), entidade oficial americana responsável pela organização e regulamentação do American Trap, da qual a LNTP (Liga Nacional de Tiro ao Prato) é representante oficial no Brasil.

Por fim pode se afirmar que todo o trabalho realizado pela LIGA, seja em sua Comissão de Arbitragem seja em seu Staff Organizacional, transformou o Tiro ao Prato (Trap Americano) no Brasil, impulsionando um crescimento e integração de atiradores por todo este nosso vasto Brasil.

Este sim é seu melhor legado.

Everaldo Goulart de Almeida é Diretor técnico da LIGA/Chefe da Comissão de Arbitragem

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