Os competidores da modalidade Hélice marcaram presença no Clube Mineiro dos Caçadores, em Santa Luzia, na 5ª Etapa da Copa do Brasil FAN 32 promovido pela CBCT.
Por Cezar Félix
O Clube Mineiro dos Caçadores – CMC sediou em Santa Luzia, entre os dias 11 e 13 de junho, a 5ª Etapa da Copa do Brasil FAN 32 promovido pela CBCT, a primeira prova presencial realizada nesse ano de 2021. Participaram da competição 77 atiradores, vindos dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Pernambuco, além de Minas Gerais. A última prova da modalidade com os atiradores presentes no clube foi a final de 2020, que aconteceu em Curitiba há quase um ano meio.
Esta etapa de FAN 32, em função da pandemia, seguiu rigorosamente todos os protocolos de segurança recomendados e exigidos pelas autoridades sanitárias nos níveis municipal, estadual e federal. “Esta 5ª Etapa foi um espetáculo”, resumiu Fernando Geo, diretor de provas do CMC. O diretor e atirador — que se dedica ao esporte desde 2006 — destaca o “altíssimo nível” das competições nesta etapa da Copa do Brasil da CBCT , fato corriqueiro da modalidade de Hélice que, como ele afirma, “é a modalidade, entre as diversas do tiro ao voo, que mais cresce no Brasil. Este crescimento ocorre por ser muito competitiva, uma vez que para um atleta sair vencedor é preciso chegar a um score de no mínimo 16 ou 17 hélices em 18 possíveis”. “A modalidade é diferente, é muito desafiadora, porque simplesmente não admite erros”, completa.
Outro aspecto salientado por Fernando foi a qualidade da confraternização, “pois a família da Hélice estava muito saudosa de se reunir novamente”. No início da noite de sábado, o Clube ofereceu um churrasco a todos os presentes e ainda houve um show sertanejo para animar ainda mais a festa.
Há ainda uma importante referência no campeonato promovido pela CBCT que Fernando Geo faz questão de salientar: a movimentação financeira relacionada aos prêmios em dinheiro destinados aos vencedores e também o faturamento obtido no Leilão de Atiradores, que alcançou a cifra de R$ 105 mil.
Geo cita o apoio que o CMC teve da Felippi Lançadora de Pratos, que levou a Santa Luzia máquinas mais modernas, “nos apresentando novas e interessantes opções”.
Presenças de grande importância
Uma presença de grande importância nesta etapa do Copa do Brasil de FAN 32 foi a de Otto Carlos Pohl, presidente da Confederação Brasileira de Caça e Tiro (CBCT), que aproveitou para lembrar da “grande tradição do CMC como palco de grandes eventos nos esportes de tiro em nível nacional”. Otto Pohl revelou a sua “enorme satisfação” com a qualidade do evento organizado pelo clube mineiro. Assim como bem lembrou Fernando Geo, o presidente da CBCT disse que “a família da Hélice estava com muitas saudades de se encontrar, poder competir em alto nível e se confraternizar, como de costume”. Confira a entrevista de Otto Carlos Pohl aqui no portal Revista Pedana.https://revistapedana.com/a-helice-e-muito-desafiadora/(abrir em uma nova aba)
E por falar em grandes presenças no CMC, a do atirador Marcos José Olsen, veterano campeão de 83 anos, jamais poderia passar despercebida. Natural da cidade catarinense de Marcílio Dias e residente em Curitiba (PR), ele conta que conquistou primeira medalha aos 13 anos de idade, “portando, estou no tiro esportivo há 70 anos”, enfatiza. Perguntado por esse repórter sobre os mais importantes troféus conquistados, ele diz bem humorado: “são tantos que perdi as contas, mas eu só tenho em casa os mais bonitos. Minha esposa joga os feios fora”.
Todavia, a impressionante trajetória de Olsen inclui nada mais, nada menos do que quatro participações em Olimpíadas como atirador: Munique, em 1972; Montreal em 1976; Moscou, em 1980 e Los Angeles em 1984. Em 1988, ele esteve em Seul como chefe de equipe da CBTE.
Diante de tão vasto currículo e quase incomparável vivência no tiro, Marcos Olsen acredita que o esporte de tiro esportivo no Brasil volta a ter “um significativo incremento, principalmente na modalidade de Hélices”. Porém, o veterano campeão vê poucos atiradores nos esportes olímpicos “porque o grau de dificuldade é imenso. As necessidades para o momento no país são muito altas. No Brasil, poucos têm condições de alcançar o nível de um atleta olímpico”, argumenta. “Os grandes campeões treinam 40 mil pratos por ano e, no mínimo, durante cinco anos ininterruptos”, explica. “E o atleta ainda precisa contar com um técnico, com psicólogos e com todos as exigências de uma preparação física adequada”, completa. Marcos Olsen é direto em sua avaliação: “Hoje aqui no nosso país somos todos amadores; nós temos muito poucos profissionais. Para efeito de comparação, os amadores não atiram mais do que 18 mil pratos por ano”.
Porém, o legendário atirador considera que os torneios realizados no Brasil “estão indo muito bem em algumas modalidades; o Trap Americano tem o maior número de inscritos, com eventos que reúnem até 600 atiradores; depois vem a Hélice, registrando uma grande expansão. Pouco tempo atrás, nós tínhamos 80 atiradores confederados e atualmente nós temos 450; então é uma considerável evolução”, define.
Sobre o tiro em geral, Olsen elogia “o ambiente maravilhoso, onde sobretudo há o encontro dos amigos e das famílias”. Ele faz outra análise também muito bem humorada: “no nosso meio, tem os atiradores que atiram como hobby; tem aqueles que atiram para competir no clube; tem os que querem competir em nível nacional e os em nível internacional. Mas uma das características mais importantes no tiro é que aqui não existe nenhum cara normal, porque um cara normal não vai ficar atirando em pratos a vida toda. Os caras normais são muito chatos”, finaliza, sorridente e feliz.
Família da Hélice reunida
O belo-horizontino Luiz Jabbur Júnior foi outro competidor satisfeito com a 5ª Etapa da Copa do Brasil FAN 32: “foi uma competição sensacional; as pedanas funcionaram muito bem e todos estavam muito comprometidos. Um torneio maravilhoso”, elogia. Desde os três anos de idade frequentando o clube, Luiz é um apaixonado pela Hélice, “que tem um potencial enorme de crescimento porque é uma modalidade da qual todos gostam de atirar e, além disso, traz um retorno financeiro em razão dos prêmios em dinheiro que ajudam a custar o esporte”, diz. Na opinião dele, é um grande incentivo para atrair novos competidores e, por isso, o tiro a Hélice é hoje o esporte que mais cresce no país. “A Hélice é a fórmula 1 do tiro exatamente porque os prêmios são remunerados”, explica. “Eu faço essa analogia porque o tiro esportivo no Brasil ainda é, infelizmente, um esporte muito caro. A nossa munição é só de uma fábrica, a CBC, de muita qualidade, mas a competitividade no mercado é baixa; as armas exigem investimentos elevados, sobretudo por causa dos impostos; então quando a atirador tem a possibilidade de ganhar uma premiação em dinheiro, isso ajuda”.
Outro competidor com presença no CMC foi o curitibano Cândido Giovanella Júnior, que de imediato aproveitou para dar “nota 10 para a prova e para a família do tiro novamente reunida. Reencontrar os amigos aqui de Minas, do Nordeste, de Cuiabá e do Sul é um prazer imenso. A alegria de atirar e de rever os amigos não tem preço”. exclama. Há 20 anos participando ativamente das competições, Giovanella avalia os esportes de tiro no Brasil “no nível do primeiro mundo, tamanha é a evolução dos campeonatos”. O atirador de Curitiba sabe do que está falando: além de viajar por todo o país, ele também compete em provas em países como os Estados Unidos, Espanha, Portugal, Argentina e Chile.
Outro fato muito importante foi a participação do adolescente Leonardo Marinho Anitablian, paulistano de 14 anos, que começou a participar do esporte há apenas dois meses: “eu fui ver o meu pai atirar e gostei muito; agora pretendo seguir competindo na modalidade Hélice e até viajar mais, quando for possível”, diz ele, que não descarta se aventurar em outras modalidades. Leonardo confessa que quando chegou ao clube, “inicialmente fiquei muito ansiosos, mas logo depois achei o ambiente ótimo, as pessoas são muito legais”, pontua.
O pai dele, José Carlos Anitablian, é só incentivo ao filho: “pretendo que ele dê continuidade no esporte”, conta o atirador de São Paulo, que esteve por 25 anos no tiro de bala e há um ano iniciou uma trajetória no tiro ao voo: “é muito agradável, é uma modalidade diferente assim como o público. Talvez seja a mais adequada, de maior pluralidade, com a participação de atiradores de todas as idades. É realmente muito interessante”. José Carlos garante que pretende dar sequência nas competições: “foi a primeira vez no clube e gostei muito da prova e da organização, além do ótimo ambiente”.
Quem definitivamente resume o ótimo astral que reinou no ensolarado Clube Mineiro dos Caçadores foi o super campeão e atleta olímpico Robert Luciano de Oliveira Vieira: “foi uma grande alegria participar, me diverti muito atirando Hélice, sem dúvida uma modalidade muito desafiante. Melhor ainda foi encontrar os amigos, fazer novos amigos e usufruir de um ambiente tão acolhedor”. Confira a matéria completa com ele no link a baixo
https://revistapedana.com/um-brasileiro-na-elite-mundial-do-tiro-ao-prato/(abrir em uma nova aba)