A beleza do alvo em movimento

Eduardo: os amigos como a maior conquista no tiro.

Alvo em movimento é fator determinante na beleza do tiro ao prato. Consagrado por grandes títulos conquistados no esporte, e com destacada atuação como dirigente, o atirador carioca analisa importantes aspectos relacionados ao tiro ao prato.

A jornada de Eduardo Martins de Mello Júnior — carioca de 49 anos de idade — no esporte foi iniciada em 2010 na prática do tiro de ar comprimido, também conhecido como tiro de chumbinho. Dois anos depois, ele descobriu o tiro ao prato e, consequentemente, o Trap Americano. “De todas as disciplinas de tiro esportivo das quais eu pude participar, foi a que mais me encantou”, conta ele, que prossegue: “já pratiquei IPSC (International Practical Shooting), disciplinas de precisão, mira aberta, fechada e ótica …, mas o Trap Americano me cativou de imediato. É muito bonito e muito plástico; você tem um alvo em movimento e quando ele é atingido, se desfaz.”

Para ilustrar o que diz sobre a beleza do esporte, Eduardo cita o fato de que nas finais do tiro olímpico nos mundiais, eles usam um prato ‘flash’, que quando atingido, espalha uma fumaça colorida, um efeito muito bonito criado para atender a televisão. 

Representando o Brasil

Os oito anos de dedicação de Eduardo Martins de Mello Júnior ao Trap Americano renderam importantes conquistas. Ele se consagrou com os títulos de campeão estadual do Rio de Janeiro, campeão brasileiro e, em 2017, foi o primeiro colocado no Gran American de Sparta, Illinnois, EUA, quando foi o atleta escolhido para representar o Brasil. É preciso lembrar que esta é a maior competição internacional do Trap Americano, realizada há 121 anos, que chega a reunir quatro mil atiradores. Nas duas semanas do campeonato, o competidor dá 900 tiros por prova em prato single — e ainda tem o desafio do prato double.

Para um atleta do porte do atirador carioca, o fato dele se dedicar exclusivamente ao  tiro ao prato tem uma explicação bem objetiva: “apesar de eu gostar de brincar em outras disciplinas, não tem como você se especializar sem focar em uma única disciplina. Não há como ser competitivo em muitas disciplinas como acontece em qualquer outro esporte — é preciso se especializar.” 

Amigos no esporte  

O campeão, todavia, declara que “a maior conquista que eu tenho são os amigos que o tiro me presenteou; tenho amigos no Brasil inteiro”. Se referindo ao Playoff do Caça e Pesca, ele acrescenta: “nesse grandioso campeonato, você nota imediatamente que se trata de um evento familiar. As pessoas com suas famílias, todos dedicados ao esporte. Coisa mais linda do mundo é você ver pai, mãe e filhos atirando juntos”.

Na atuação como dirigente — Eduardo é vice-presidente da Federação de Tiro Esportivo do Rio de Janeiro; é delegado representante local da Liga Nacional do clube dele em São Gonçalo (RJ), além de  representar a CBTE —, ele aponta que “o  

esporte evoluiu demais no Brasil graças ao empenho da Liga Nacional do Tiro ao Prato —  apesar de todas as dificuldades que nós brasileiros enfrentamos com burocracias absurdas, resultado dessa política desarmamentista que existe para o esportista”, analisa. O atirador e dirigente carioca argumenta que “a arma está para o esportista de tiro assim como a raquete está para o tenista”. Na opinião dele, “a burocracia que a lei nos exige, cria inúmeras dificuldades. O atleta só quer estar em dia com as suas obrigações”, decreta. 

Altos impostos

Um outro aspecto do esporte que ele vê como “ um complicador” é a restrição imposta pelo fato do atirador só poder contar com “apenas um fabricante de munição no Brasil, a CVC”. Mais complicado ainda, conforme analisa o atleta do Rio de Janeiro, é a “enorme dificuldade com os impostos caríssimos que a gente tem que pagar. No estado do Rio, por exemplo, nós pagamos 38% de ICMS mais 2% de taxa em cima de todas as armas e munições”.

Apesar desta conjuntura, Eduardo Mello Júnior garante que o tiro esportivo —principalmente o Trap Americano — “cresce absurdamente”. “Em Uberlândia, no Caça e Pesca, participamos de um torneio com 10 pedanas dedicadas ao Trap Americano. Não tem como fazer um campeonato de final de ano sem 10 pedanas”, avalia. “Começamos aqui em uma sexta-feira e terminamos no outro sábado. Se não fosse assim, um campeonato desse porte duraria mais alguns dias. Esse é um fato definitivo que comprova o rápido crescimento do esporte.”

Fomentar o tiro esportivo

Ainda se referindo como dirigente, Eduardo tem como princípio fundamental 

“a vontade de fazer melhorar, crescer e fomentar o tiro esportivo”. Porém, ele lamenta o encerramento do convênio (que existia até 2019 entre a LNTP e a CBTE) que permitia a realização dos campeonatos, apesar de independentes, nas mesmas datas. ”Era uma coisa muito boa porque eram duas entidades nacionais empenhadas e envolvidas no mesmo propósito. Infelizmente, esse convênio foi desfeito e hoje nós temos aí dois calendários totalmente independentes, o que força o atleta a optar já que nem todos conseguem cumprir um calendário de duas entidades, duas competições nacionais. Fica muito difícil, é dispendioso, e existe o fator   tempo também, pois o tiro ao prato é amador e os atletas têm os seus compromissos profissionais”. 

Um outro tema abordado, foi a questão relacionada ao atual nível qualitativo dos atiradores brasileiros, sobretudo no Trap Americano. “O nível cresce muito. Eu costumo dizer que o atirador brasileiro é forjado nas dificuldades”, diz Eduardo. “Essa situação faz com que a gente consiga representar bem cada estado nas competições nacionais e o país, nas competições internacionais. Isso é um grande mérito de todos os atletas porque, mesmo com todas as dificuldades, a gente chega lá e faz bonito”. 

‘Scores’ jamais alcançados

O campeão aproveita para ratificar o fato de os brasileiros conseguirem “fazer ‘scores’ jamais alcançados anteriormente no Gran American. Nós tivemos dois atiradores brasileiros, em 2019, que conseguiram fazer 898 pratos quebrados em 900 tiros. O Luís Roberto Viganó e o Ari Pereira. Eles estabeleceram uma meta que será muito difícil de igualar”. 

Eduardo fez questão de assinalar a contribuição das clínicas que são oferecidas pelos atiradores mais experientes. “Temos muitas expertises que oferecem clínicas de alta qualidade. Isso faz com que os novos atiradores já cheguem com uma técnica mais apurada, e também corrige os mais veteranos, que têm um vício ou outro

O dirigente e atleta aproveitou para destacar mais um acontecimento importante do Playoff Nacional de Uberlândia: “o Eduardo Mossmann está atirando que é um absurdo; ele fechou em uma prova 199 tiros certeiros para 200 pratos.”

Eduardo Mello Jr.: A beleza do alvo em movimento é um diferencial nas modalidades de tiro ao voo

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